Extinção é para sempre? Está mais para "eterna enquanto dura", segundo uma nova pesquisa. 
   Centenas de espécies atuais dadas por extintas já foram redescobertas na  natureza, principalmente nas regiões tropicais. A conclusão está em  artigo no periódico "PLoS One". 
   Os autores, pesquisadores de Cingapura, da Austrália e dos EUA,  vasculharam a literatura científica em busca de casos de espécies que  pareciam ter sumido, mas foram "ressuscitadas" mais tarde. 
 Eles concluíram que, no período de 120 anos, 351 espécies foram  redescobertas: 104 anfíbios, 144 aves e 103 mamíferos --o estudo só  abordou esses três grupos. Em média, um animal ficava sumido por 61  anos. 
 As redescobertas se concentram no hemisfério Sul, nas matas tropicais e  subtropicais da América do Sul, da África, de Madagáscar, da Índia e da  Nova Guiné. 
 BOA OU MÁ NOTÍCIA? 
   Os cientistas se surpreenderam com o aumento da taxa de redescobertas ao  longo dos anos. "Ficamos surpresos, especificamente por ver que a taxa  de espécies ameaçadas é exponencialmente crescente, enquanto que poucas  espécies que são redescobertas não são ameaçadas", diz à Folha o primeiro autor Brett Scheffers do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Nacional de Cingapura. 
 O lado bom disso é que "redescobrir espécies consideradas extintas  demonstra um aumento no esforço e na área coberta por expedições de  coleta e observação", disse à Folha Carlos Joly, professor da Unicamp e coordenador geral do Programa Biota, financiado pela Fapesp. 
   Por outro lado, os autores da pesquisa alertam: "Isso [o dado sobre  redescobertas] pode fazer o público achar que a crise da biodiversidade  não é tão grande como se fala ou causar uma perda de credibilidade dos  cientistas". 
 Para eles, pode-se dizer até que as redescobertas também cresceram  devido ao aumento do número de espécies ameaçadas e consideradas  extintas -quanto maior a lista, maior também a chance de algum bicho  ainda viver. 
 O fato é que a crise de extinção é bem real. Calcula-se que a  biodiversidade da Terra está sendo perdida a uma taxa até mil vezes mais  rápida do que o ritmo natural. 
 Hoje, 30% de todos os anfíbios, 12% das aves e 21% dos mamíferos estão  extintos ou ameaçados de extinção. O Brasil tem hoje 486 espécies na  chamada Lista Vermelha de animais em risco. 
   "Existem provavelmente muitas espécies ainda esperando para serem  redescobertas, no entanto, encontrá-las é uma corrida contra o tempo"  diz Scheffers à Folha. 
 SEGUNDA EXTINÇÃO 
   Nem bem ressuscitadas, a maioria das espécies redescobertas já está com o  pé na cova. Mais de 90% dos anfíbios, 86% das aves e 86% dos mamíferos  reencontrados estão altamente ameaçados, têm distribuição restrita e  populações pequenas. 
 Muitas das 351 espécies "salvas" da extinção irão sumir de vez sem medidas agressivas de conservação. 
 "Para melhorar a conservação dessas espécies altamente ameaçadas e pouco  estudadas, temos que promover e continuar a apoiar estudos ecológicos  básicos e pesquisas biológicas. Isto pode ser feito através do maior  financiamento ou simplificação do processo para a autorização de  pesquisas em áreas pouco conhecidas, especialmente nos trópicos. Só  assim podemos reprimir extinções futuras", segundo Scheffers. 
 Para os autores, o Brasil foi um dos países com mais redescobertas para todos os grupo estudados --anfíbios, aves e mamíferos. 
 "Isto era esperado, já que o Brasil é um país rico em biodiversidade,  mas também um país com uma história de alta perda de habitat e  degradação. Isto faz do Brasil um candidato principal para muitas  redescobertas de qualquer espécie que não tenha sido vista por muitos  anos ou espécies tidas por extintas e, mais tarde redescobertas",  comentou Scheffers. 
 Em território brasileiro, umas das espécies da lista é o  macaco-prego-galego (Cebus flavius). Esse primata loiro tinha sido visto  pela última vez em 1774, por naturalistas europeus, e redescoberto  apenas em 2006. 
 A situação atual dele é de risco extremamente alto de extinção.  Estima-se que existam oito populações, com um total de até 300  indivíduos, sobrevivendo apenas em alguns poucos fragmentos de mata  atlântica dos Estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do  Norte. 
 Scheffers aponta que a "perda de floresta diminuiu no Brasil,  especialmente nos últimos anos, no entanto os sucessos de conservação no  futuro exigirá ao Brasil manter uma atitude positiva frente à  conservação, fornecendo apoio contínuo (por exemplo, através de  financiamento e aprovação de autorizações de pesquisa) para inventários  biológicos". 
Fonte:  MARCO VARELLA, COLABORAÇÃO PARA A FOLHA. Folha.com
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